sábado, 20 de março de 2010

Qual é o nosso modelo de vida?

"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." Jo 1:14

Hoje nas igrejas, nas TVs, nas rádios, no nosso meio cristão, tem-nos sido apresentado um modelo de espiritualidade, que não tem nada a ver com o propósito original: a revelação de um homem, segundo a imagem e a semelhança do Altíssimo.

Vai dai que temos assistido uma coisa terrível e antagônica: quanto mais os caras querem se parecer com anjos, seres angelicais, levitar, negar a dor e o sofrimento próprios de ser-se gente, Deus ainda insiste num modelo mais perto de nós: um homem, só um homem, como vimos em Cristo:

* Alguém que comia quando tinha fome, bebia quando tinha sede (principalmente de relacionamento, de amigos, quando bebia vinho e partia o pão com eles!);

* Alguém que não se importava com o perigo, pois até houve quem se preocupasse por ele, como os dois no caminho de Emaús, insistindo para que entrasse com eles a ter de enfrentar a escuridão da noite. Hoje, não faltam "líderes cristãos" andando com guarda costas e até armas na cintura...

* Alguém que sentia a dor da solidão e pedia aos amigos que estivessem com ele nas horas mais diversas e não teve vergonha de confessar, na cruz, o quanto doi a separação;

* Alguém que, ferido, magoado, traído, não saia a destilar veneno contra os ofensores e traíras, nem tampouco evitava o contacto com gente, como fazemos hoje;

* Alguém que não ficou vermelho em cair no choro diante de muita gente - pessoas que o ouviam e a ele seguiam como líder - confessando e sentindo solidariamente a dor diante da perda de quem amamos, diante do túmulo de Lázaro (mesmo sabendo o que aconteceria dois minutos depois de chamá-lo para fora da tumba!);

* Alguém que se misturava com qualquer um - de publicanos, odiados pelo povão, à prostitutas, beberrões e pecadores. Só não tolerava religiosos que não viviam os valores do reino de Deus nem deixavam os outros o fazerem, cobrando regras e mais regras que "tinham ar de religiosidade mas que não tinham valor algum contra o mal que vem de dentro". É preciso ressaltar também que, nem de longe fez conluios, conchavos ou barganhas com os caras do poder, da religião, nem usou a massa como moeda de troca política como vemos hoje...

* Alguém que era tão normal e simples que até o seu traidor precisou de um código - um beijo no rosto - para identificá-lo diante dos que o iriam prender. Não havia sobre ele, nenhum luminoso em "neon", banner, placa, cartaz,... ou adereço que o identificasse;

* Alguém que não precisava de andar de carro importado, ternos de grife, jóias ou outra porcaria para parecer importante ou valorizar quem era, e porque era quem era, quando falava ou fazia qualquer coisa, quem ele era ficava manifesto, distinguindo-o dos pilantras e espertalhões que exploravam a fé das pessoas da época;

* Alguém que diante do sofrimento do preço do ministério, confessou o seu medo, a vontade de "beber outro cálice" mas nunca lastimou ou queixou-se da escolha que fez em seguir em frente até a morte e morte de cruz;

* Alguém que, sendo quem era, não temia confessar as suas necessidades, como fez com a mulher samaritana e diante daqueles que dele zombavam na cruz, pedindo-lhes água;

* Alguém que humilhado, desprezado, não abriu a sua boca (como ovelha para o matadouro), nem ousou lançar no rosto de todos à volta, responsabilidade nenhuma aos quais que, cheios de culpa, deixaram o inocente que era, pagar toda a fatura;

* Alguém que fazendo caridade, milagres, curas e todo tipo de benefício aos pobres, desenganados, sofredores, desesperados, enfermos e marginalizados da sociedade, não os usava como fazemos hoje, para promover-se - nem a causa que defendia - pedindo que a ninguém, os beneficiados por ele, dissessem coisa alguma, mostrando que a sua preocupação era com eles e ninguém mais que eles;

* Alguém que nunca, em tempo algum, chamou para si privilégios, títulos, reconhecimento por feitos e conquistas, como fazemos hoje, ostentando cartões de visitas com quilos de peso com tantos adjetivos colados ao nosso nome. Não se auto-denominava coisa alguma, nem ousou por usurpação, ser igual a Deus, mas revelou-se (e apresentava-se) como o "filho do homem" e dirigia todas as glórias a Deus!

* Alguém que, buscava a Deus e a Ele se submetia integralmente, contra todos os apetites e conveniências próprias de ser homem. Não negou sua condição humana, mas mostrou como é que alguém, sendo homem, podia agradar ao Senhor.

* Alguém que, podendo viver à parte da "normalidade", ou levitar, viver nas alturas, desceu. Desceu até às partes mais baixas da terra. para revelar simplesmente o que era: um homem. De carne e osso e coração!

Um homem, afinal, como Deus sempre desejou criar. Um homem segundo a imagem e semelhança do Pai.

E ai? Quem é o seu modelo?

Rubinho é réu no Genizah

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